sexta-feira, 11 de abril de 2008

It's nothing personal...

O ser humano tem uma certa tendência para levar tudo "a peito"...
Nas histórias o enredo gira à volta do personagem principal.
Nós somos os actores principais do nosso filme.
Logo, tudo o que acontece está obviamente centrado na nossa pessoa.
Nhé!...

Um exemplo divertido e caricatural da coisa:
Uma vez estávamos parados no meio da barragem porque alguém estava a calçar os skis. Passou um tipo ao nosso lado, muito devagarinho, a olhar fixamente na nossa direcção.
Um amigo nosso indignou-se: "Por que raio é que aquele tipo está a olhar assim para mim???!"
...
O nosso barco estava cheio de meninas em monoquini.
; )

Se um louco na rua gritar insultos ou rogar pragas aos transeuntes, a probabilidade é que nem liguemos grande coisa ao que diz... Se nos apontar o dedo, se se dirigir a nós, vamos provavelmente sentir-nos de alguma maneira atingidos pelas suas palavras.
Ora em nenhum dos casos a situação tem nada a ver connosco, estávamos simplesmente a passar por ali nesse momento.
A realidade é que a vida é feita de uma infinidade de filmes e não passamos de figurantes na maior parte daqueles em que participamos.

Quando nos damos conta de que o mundo não gira de facto à nossa volta, certas coisas beras tornam-se sem dúvida muito mais suportáveis...

Uma vez estávamos no Castelo do Bode quando caiu a maior chuva de granizo a que já assisti na vida, pedras do tamanho de bolas de golf...


Os carros que estavam na rua ficaram todos amolgados, um deles até com o vidro partido.
Se alguém tivesse pegado numa marreta e feito aquilo, os respectivos donos (o meu carro estava na garagem... he, he...) ter-se-iam certamente passado dos carretos. Assim, encolheram os ombros e rogaram umas pragas ao S. Pedro.

Aqui há tempos escrevi um post em que falava de uma proposta que recebi. Como quem segue com alguma atenção este blog deve ter percebido, depois de alguma hesitação decidi aceita-la.
Durante cerca de dois meses estudei, pesquisei, trabalhei, dediquei-lhe horas e horas... mas sobretudo não procurei alternativas de trabalho, de rendimento.
Até que um dia a proposta foi "retirada".
Mas não havia problema, porque vinha aí muito trabalho, noutro projecto, noutros moldes, mas trabalho rentável e simpático à mesma.
E veio, algum, mas depois afinal também já não precisavam de mim...
Por ter decidido empenhar-me, primeiro num e depois no outro projecto, acabei por ficar praticamente sem rendimentos durante quase quatro meses, visto que não era viável comprometer-me com outras coisas, sempre à espera do dia em que iria finalmente começar a "pingar guito".

A realidade é que...
Chegaram à conclusão de que o primeiro projecto não era viável neste ponto do campeonato e que conseguiam fazer sozinhos o trabalho do segundo... o que é que haviam de fazer?
Ah não, temos de ir para a frente com o combinado que a outra está a contar com isso... ?!
Não houve, na minha opinião, qualquer tipo de má fé, de desonestidade...
O que parecia uma boa ideia à partida acabou por depois, metidas mãos à obra, não ser concretizável.
De qualquer maneira, em qualquer destes dois projectos, eu nunca passei de actriz secundária, não eram o meu filme.
Fui lesada pela situação? Sem dúvida... Mas nada foi feito para me prejudicar, o mal que me aconteceu foi um efeito colateral e seria completamente estúpido leva-lo a peito.

À cerca de um mês entrou-me um "mata velhos" pela peida do jipe adentro... Apanhei um baita de um susto quando, depois do impacto inicial, vi uma coisa a rebolar pela estrada fora e ainda mais quando vi uma mão inerte a sair do que restava do carro virado de rodas para o ar. Felizmente foi só mesmo susto e o mentecapto (em sentido próprio) que ia ao volante daquela coisa estava bem.
Este acidente era-me tanto "dirigido" como a situação que descrevi acima... simplesmente aconteceu e por galo eu fui apanhada no meio.
Em ambos os casos levei na bunda... LOL mas não foi nada pessoal.
Ficar chateada com os impulsionadores dos referidos projectos seria tão idiota como ficar ofendida com o Quasimodo por me ter abalroado.

Poderão dizer que o resultado final é o mesmo quer haja intenção de lesar ou não... a realidade é que, quando as coisas nos são feitas a nós, especificamente, doem muito mais. Geram revolta, raiva, amargura, ressentimento, etc... uma série de sentimentos negativos que nos corroem por dentro.
Se aprendermos a separar o trigo do joio, a perceber que há coisas que simplesmente acontecem, que são um ganda galo, mas que não têm nada a ver connosco, poupamo-nos a uma série de energia negativa que não serve absolutamente para nada.




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