domingo, 21 de junho de 2009

Pré ocupada mente

COM MÚSICA

Finalmente o post que me tinha sido “encomendado”… ;)

26/05/2009

Nunca ouvi falar de ninguém que tivesse passado pela vida sem qualquer sofrimento, tanto físico como emocional. Começa normalmente com o próprio nascimento e dá ares de sua graça, mais ou menos frequentemente, ao longo dos tempos. É inevitável.

Dado que, masoquistas à parte, ninguém gosta de sofrer, a perspectiva do sofrimento assusta. Ás vezes assusta tanto que acabamos por sofrer por antecipação.
Mas a esmagadora maioria das coisas que nos preocupam não chega a acontecer.
Pensem na vossa vida … um atraso no período durante a adolescência, uma criança que se perde na praia, alguém que se atrasa para além do normal, etc… a tendência é logo para pensarmos “no pior”.
Agora pensem em quantas vezes os vossos receios se concretizaram…
São os chamados sustos.



Fui desafiada a escrever este post por afirmar que podemos controlar estes medos, mantê-los de rédea curta.
Quem me desafiou, passou recentemente por um "grande susto" com um dos filhos.
Mal sabia ele que estou neste momento a passar por uma situação muito semelhante.
A diferença é que não entrei em parafuso, não me afectou o sono nem o apetite, não perdi o sentido de humor e sobretudo não infernizei a vida a quem está à minha volta… ;)

Como os que me têm lido sabem, tenho andado em tratamentos e exames devido à descoberta da minha ursa.
Como se costuma dizer “cada tiro, um pardal”, e não houve exame que não revelasse alguma “anomalia”. lol

Entre outras coisas, fiz um batalhão de análises clínicas e, bem no finzinho da lista, leio:
CEA-ANTIG.CARCINEO-EMBRIONARIO: 6.9
Valores referência: não fumadores de 0 a 3 / fumadores até 5

Foi o chamado chuto na pinha!
O meu coração disparou…
Não é preciso ser-se hipocondríaco para não apreciar a ideia de ter qualquer valor que inclua a palavra “carcineo” acima do normal.
Não tendo de imediato alguém a quem recorrer para me elucidar, fui à net.
Segundo chuto na pinha…

Um amigo insiste para que envie um mail a um médico amigo dele.
Este envia-me uma resposta extremamente elucidativa: “O C.E.A. elevado só pode ser avaliado associado à clínica, as análises clínicas, são clínicas...e como todos os exames complementares são COMPLEMENTARES da clínica....”
Hum… ok… então sendo assim já fico muito mais descansada.
Daaah!

Posteriormente, o meu médico de família (e amigo), a quem envio os resultados por mail, dá-me outra resposta extremamente clara e tranquilizante: “… estes valores do CEA trazem por vezes falsos positivos. Ter este valor não confirma coisa nenhuma, mas compreendo o teu nervosismo.”
Falsos positivos?! E, compreende o meu nervosismo?! Os médicos não são supostos compreender o nosso nervosismo, são supostos dizer-nos que não há razão nenhuma para estarmos nervosos, pelo menos quando é o caso…

Dois dias depois, apanho no msn o único médico que fala comigo como se eu fosse gente: “Só nos começamos a preocupar quando os valores estão acima de 100… tenho pacientes com 12.000…”
12.000?! E eu só tenho 6.9?! Uf!

Dias depois, vou à consulta de gastrenterologia e menciono o facto à minha médica…
“Uiii! Não, isso é demasiado alto… não pode ser… vai JÁ repetir as análises, noutro laboratório… e vai também fazer uma radiografia aos pulmões… faça já hoje. Vamos também adiantar a colonoscopia. Marque outra consulta comigo para logo que tenha os resultados.”
Ai o caraças…

Como prova de legitimidade da sua visceral preocupação, o meu amigo afirmou que “quando nos anunciou que sempre era uma mononucleose, a médica disse que tinha ficado aliviada…”
Amiguinho… os médicos falam como as pessoas… dizem “coisas”…
Compreendo a tentativa de interpretar as suas palavras, também o fiz, mas se pensarmos dois segundos possivelmente o alívio da médica do teu filho virá do facto de já não ter de te aturar…lololololol

Como já mencionei antes, o segredo dos filmes de terror é não nos mostrarem nada. Ouvem-se barulhos, adivinham-se formas, mas nunca se vê claramente a ameaça.
É isso que o nosso cérebro faz quando estamos assustados.
Nunca vos aconteceu, em crianças, imaginarem coisas terríveis nas sombras do quarto?
Em vez de fazer filmes, há que acender a luz para ver com o que estamos realmente a lidar. Neste caso fazer os testes e descobrir se existe de facto algum bicho papão.

Inútil será dizer que não têm sido tempos fáceis, psicologicamente falando.
Ninguém gosta de ver “the C word” associado à sua pessoa, nem que seja hipoteticamente e, por muito que 6.9 não seja “demasiado” alto, continua a ser acima dos valores normais. Uma pessoa põe-se a pensar que estas merdas, tal como as pessoas, não devem nascer já com um metro e oitenta…
Acontece que acredito que até ao lavar dos cestos é vindima.
Se se verificar que há de facto um problema, tenta-se tratar. E… se não for o caso, para que serve estar agora a martirizar-me? Logo se lida com o assunto.

Claro que a simples ideia é assustadora.
Ainda tenho muitas coisas por fazer, tenho um filho para criar… um site para gerir… lolololol
Mas, antes de saber ao certo com o que estou a lidar, bloqueio completamente a minha mente a ideias mórbidas. Durante as próximas looongas semanas, em que não vou saber resultados dos exames, de cada vez que pensamentos idiotas me vierem à cabeça (e vêm, evidentemente, sou humana…) mando-os dar uma curva, recuso-me a “desenvolver”.
De momento sinto-me bem, sinto-me saudável e é isso que me considero até prova do contrário.

Ninguém, exceptuando os médicos e a minha cara metade, está por dentro desta problemática.
Daí não ter podido publicar este post mais cedo.
Dentro dos princípios da lei da atracção, não quero uma série de malta a associar a palavra cancro à minha pessoa. lol
Não quero os hipocondríacos (eles andem aí) a amarinhar pelas paredes acima, não quero preocupar as pessoas que gostam de mim.
Não quero uma série de malta, com a melhor das intenções evidentemente, a cagar sentença e a fazer sugestões… sinto que estou bem entregue, não quero mais palpites.
Não quero que me estejam constantemente a relembrar o assunto com perguntas…
Só vou portanto publicar quando tiver certezas. ;)

03/06/2009
So far so good…
Radiografia: Pulmões ok.

18/06/2009
Colonoscopia: Intestinos ok.
Endoscopia: Estômago totalmente curado!!! Yéééé!!!

Tout est bien qui finit bien… ;)
I rest my case.


7 comentários:

  1. Como sabes, antes era muito de me preocupar por antecipação. Fazia uns filmes épicos sobre o mais pequeno dos assuntos, e depois sofria com as angústias provocadas por esses filmes.

    Agora tento aguardar serenamente pelas certezas, e não ficar a remoer as dúvidas. Não só reduz o stress (tanto o nosso como o da nossa cara-metade) como permite que apreciemos os entretantos.

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  2. E não podes ter passado "apenas" pelo mais ancestral de todos os medos, que é o de morrer? E que está ligado ao mais forte dos instintos, que é o da sobrevivência? Ei, rapariga, até os bichinhos da conta têm isso!

    Já passei por isso, embora saiba que não serve de consolo a ninguém. Já vi a morte algumas vezes e, de quase todas, já tinha os filhos nascidos. Já andei a carregar uma maminha doente quase um ano, até à mamografia do alívio. Já chorei por mim, Argentina!

    Não sei se cresci com o sofrimento e com a ansiedade. Acho que não. Se me voltar a acontecer, vou voltar a ter medo. Talvez mais concretamente do sofrimento e da dor do que da M propriamente dita.

    Também já não antecipo filmes. Às vezes ainda me acontece com os filhos e tiram-me anos de vida. Desato logo nas minhas "rezas" interesseiras e egoístas (ou altruístas?): "A eles não Lhes dês nada, dá-me a mim, que eu aguento tudo".

    Só clichés? Sou uma pessoa completamente normal. E tu também. Estamos cá para o que der e vier, OK? Mas olha que depois da tempestade vem SEMPRE a bonança ;-)

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  3. Aqui o visado:

    a) Promete emendar-se, duvidando que vá cumprir.

    b) Regozija-se muito a sério por não teres nada de mau.

    c) Declara que não será totalmente hipocondríaco, já que nunca se angustiou na adolescência com hipotéticos atrasos.

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  4. BEMMMM eu tenho andado mesmo 'por fora'... e nem tempo para te vir ler (que gosto tanto) tenho conseguido arranjar.. não fazia a minima destas tuas pré-ocupações...

    Sabes o que acho... quem procura ENCONTRA.. eu tenho tido umas merdas (no coração) e não, nada a ver com sentimento... é mesmo o raio do musculo que anda parvo... e tenho andado a fazer 1001 analises, ecocardiogramas e afins... e cada cabeço sua sentença... mais arrependida estou de ter tido o infortunio de mencionar à minha médica do trabalho (sim essas cenas que são obrigatórias para as empresas gastarem MAIS dinheiro) que o meu coração de vez enquando 'parava'... bemmmmm agora parece que tou na eminencia de ter um ataque cardiaco ou um avc a qualquer hora... tic tac tic tac tic tac...

    Se queres que te diga não estou mesmo nem ai... o meu coração já 'para' há anos... e ainda não parou de vez... por isso é tranquilo... na volta é mesmo dele, sei lá...

    Olha que até podes ter uns valores acima dos valores de referência, de uma cena que parece não ser boa... massssssssss lá que tiveste pinta tiveste.... é que podias ter qualquer valor, mas conseguir ter um 6.9, não é qualquer pessoa!

    IN-JOY life :)

    Veijasssssssss

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  5. Bolas Cristina, só deitei o ar que ficou retido nas últimas linhas.
    Tudo está bem quando acaba bem mas bolas, Cristina!

    Cá por mim achei-te optima, melhor do que nunca

    Beijo

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  6. "In every life we have some trouble
    When you worry you make it double
    Don't worry, be happy...... "
    ;)

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