terça-feira, 12 de abril de 2011

A fonte da juventude

COM MÚSICA



O nosso corpo, quer queiramos quer não, vai-se desgastando. Podemos poupa-lo, trata-lo e trabalha-lo em vários sentidos para retardar o envelhecimento, disfarçar alguns dos seus sintomas, no entanto, tarde ou cedo, iremos inevitavelmente sentir o peso da idade.
A mente, se não tivermos cuidado, tende também a degradar-se… parece-me no entanto bem mais susceptível de se manter firme, tonificada, flexível e saudável. ;)

Alguns alegam que a fonte da juventude é o Photoshop (lol), outros as operações plásticas e os avanços da medicina… a meu entender, uma das coisas que nos mantêm realmente jovens é a abertura de espírito aliada à capacidade de empatia com os vários estádios da vida humana.

Esta passa por várias fases, que vamos ultrapassando, uma após outra, metamorfoseando-nos em pessoas diferentes. Com o passar do tempo, temos ás vezes dificuldade em lembrar-nos daqueles que fomos.
Se conseguirmos, emocionalmente falando, manter viva a memória de outros tempos e acrescentar-lhe aquilo que fomos aprendendo pelo caminho, conseguiremos manter uma frescura acrescida de sabedoria.

Sentir-se jovem é conseguir efectivamente consolar uma criança, atormentada pelos terríveis dramas da meninice, compreendendo e atribuindo o devido peso aos seus desgostos ou receios, mesmo sabendo nós que não voltará a ter outra altura da vida em que se sinta tão mimada, tão protegida, tão segura, tão legitimamente irresponsável.

É, apesar de termos a noção de que quanto mais sabemos, mais sabemos que nada sabemos, conseguirmos fazer-nos ouvir por um adolescente que tudo sabe e ajuda-lo a questionar as suas certezas e a tirar as suas próprias conclusões.

É, sabendo que a vida é um arco-íris, com uma imensa variedade de cores e nuances, lembrarmo-nos de que em certas idades o bicho homem só consegue ver a preto e branco.

É, mesmo tendo descoberto que o amor só é mesmo eterno enquanto dura e que ao longo dos anos os romances irão enchendo as prateleiras, conseguirmos continuar a sorrir-lhe e a apoiar e respeitar as grandes paixões de juventude.

É valorizar e apoiar entusiasticamente aqueles grandes projectos que, sabemos nós, eventualmente não chegarão a ver a luz do dia, porque a vida nos reserva sempre um belo ramalhete de surpresas e as coisas nem sempre correm como queremos mas mais como calha.

É, no fundo, termos a capacidade de pontualmente regredir emocionalmente para podermos compreender, gerar empatia e, através dela, não só comunicar efectivamente, ultrapassando a eventual barreira das idades, como também continuar a aprender…

Com o passar dos anos e as pedras do caminho, há quem tenda a azedar, a tornar-se arrogante intolerante, prepotente. Quem perca a flexibilidade de raciocínio, se prenda a tradições ou  preconceitos sem futuro, se recuse a adaptar ás novas realidades de um mundo em constante mudança.
Tal como acontece com os músculos, a sua gana de viver parece definhar.
Tal como acontece com a pele as suas ideias parecem ganhar rugas e flacidez.
Tal como acontece com os órgãos, os seus raciocínios parecem começar a falhar.

Esses são os que se tornam velhos. 
Basicamente, só não nos podemos deixar esquecer do que é a juventude.


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