quarta-feira, 11 de maio de 2011

Don Quixotes

COM MÚSICA



Como devem supor, o tipo de “conversa” que por aqui mantenho, em nada difere das que tenho ao vivo e a cores. A grande diferença está no feed-back, ganhando com o diálogo a percepção do que as pessoas pensam efectivamente de tudo isto.

Pois já não é nem a primeira nem a segunda vez que, relativamente à minha “frase estandarte” aqui em cima, comentam que é  muito bonita mas não passa de teoria
Meus amigos, este não é um blog de poesia, não o escrevo para ser bonito. Também não é um blog de ficção cientifica ou de histórias da carochinha.

Se escolhi a dita frase para o cabeçalho do blog é porque tem, de certa forma, sido a minha “bíblia” nos últimos anos. Por muito estranho que vos possa parecer, quando a descobri, interiorizei e passei a tentar pôr em prática, a minha vida mudou radicalmente.

Não, não é uma fórmula mágica que transforme a nossa passagem pela terra num mar de rosas. Não evita problemas ou desgostos, não é um escudo contra a dor, não faz milagres nem nos transforma em super homens… a sua compreensão, a interiorização do seu significado, proporciona-nos no entanto uma coisa que considero fundamental como base para que possamos ser felizes: paz de espírito.

Senão vejamos…

”… SERENIDADE PARA ACEITAR AS COISAS QUE NÃO POSSO MUDAR…”
Relativamente a esta parte até já afirmaram, inclusivamente, não estar de acordo.
Não estar de acordo?! Mas como é que se pode não estar de acordo?
Será que acreditam que tudo se possa mudar?!
Não podemos mudar o passado, o que aconteceu, o que dissemos, o que fizemos, por muito que gostássemos que tivesse sido diferente… Não podemos mudar os outros, está exclusivamente nas suas mãos fazê-lo… Não podemos evitar a morte, alterar a orbita da terra ou decidir que não descendemos do macaco…
Volta não volta, o que não podemos mudar revolta-nos, indigna-nos, agride-nos, magoa-nos… muitas vezes não o conseguimos sequer compreender, não faz qualquer sentido para nós.
Mas, se efectivamente chegámos à conclusão de que não o podemos mudar, não será então benéfico aceita-lo com serenidade?
Aceitar não quer dizer defender, apoiar, aprovar, louvar… aceitar é simplesmente concluir que não possa ser de outra forma, que não haja nada que possamos fazer para alterar a ordem das coisas. É encolher os ombros, respirar fundo e continuar com a nossa vida. Lutar, espernear, recusarmo-nos a encarar a realidade, não irá servir de nada. Se assumirmos que não está nas nossas mãos fazer seja o que for, pelo menos não gastamos forças desnecessárias a lutar contra moinhos de vento.

”… CORAGEM PARA MUDAR AS QUE POSSO…”
A vida, no geral, requer coragem, nunca ninguém nos prometeu que iria ser fácil.
Mudar certas coisas parece-nos ás vezes uma tarefa hercúlea. Sentimo-nos frequentemente tentados a desistir, perdemos as forças, o ânimo, a motivação.
Mas como se costuma dizer, “a sorte protege os audazes” e há poucas coisas tão gratificantes como a satisfação de concluir que mudámos alguma coisa para melhor… sim, que para pior não vale a pena. ;)
Podemos mudar muito mais do que julgamos. Coisas que tomamos como dados adquiridos, podem ser alteradas. Situações estabelecidas, hábitos enraizados, traços de personalidade, tudo se pode mudar se a isso nos propusermos. Podemos transformar-nos em pessoas diferentes, o rumo das nossas vidas está muito mais nas nossas mãos do que estamos habituados a pensar.
Isto não quer dizer que seja fácil… requer esforço, perseverança, paciência, fé, tolerância para com os falhanços, insistência e, claro, coragem.

“…SABEDORIA PARA PERCEBER A DIFERENÇA…”
É aqui que costuma dar ares de sua graça o D. Quixote que habita em cada um de nós…
Pessoalmente considero esta a parte, de longe, a mais difícil de levar a cabo. A vida tem muitos tons de cinzento e nem sempre é óbvio compreender o que podemos efectivamente fazer por ela.
As coisas parecem muito mais claras se forem vistas de fora, pela observação de terceiros.
Através desta damo-nos conta do esforço inglório que certas pessoas fazem para tentar alterar coisas relativamente ás quais nada podem na realidade fazer. Assistimos a batalhas titânicas contra inimigos invencíveis. Ao cansaço de nadar contra a corrente. À frustração de não conseguir levar água ao seu moinho. Quando uma situação nos contraria de sobremaneira, a tendência, o impulso, é fazer-lhe frente, tentar dar-lhe a volta, ir à luta. Infelizmente nem sempre isso é efectivamente possível.
Observamos também, pelo contrário, quem assista de camarote, impávido e sereno, ao total descambar do seu universo. De braços cruzados, aceitando uma sorte que poderia não ser a sua, se se desse ao trabalho de reagir, de arregaçar as mangas e fazer-se à vida. Estes,  tendem a achar que pouco ou nada se pode mudar, que o destino está traçado, que temos de viver com as características com que nascemos, de arcar estoicamente com tudo o que nos aparece pela frente.
Quando se trata de nós, no entanto, as coisas são sempre muito mais confusas. Perceber onde e como é possível agir para obter resultados, não é de todo evidente.
Se formos de natureza combativa, iremos frequentemente abraçar causas perdidas. Se formos brandos e resignados, iremos ver passar muitos navios.

Não duvidem no entanto da preciosidade da sabedoria que adquirimos ao conseguir destrinçar as situações ou da paz de espírito que estas três coisas nos proporcionam. ;)


1 comentário:

  1. Como é que alguém pode questionar esta “máxima” ?

    Concordo inteiramente, não obstante dar por mim , por vezes, a tentar resolver o insolúvel ou a dormir sobre o solúvel…

    Mas lembrarmo-nos disto é bom para definirmos as nossas prioridades.

    Há também uma outra máxima, na linha, não tão completa mas que por vezes uso:

    Perante um problema pergunto : “É possível resolve-lo? “ Se não for…. Então não é problema! (eheheh e com isto vou-me descartando de alguns)

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