quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mentologia

COM MÚSICA



Há relativamente poucos anos atrás, deitava os papeis dos rebuçados e as cascas das castanhas para o chão, sem sequer pensar duas vezes e tomava duches de meia hora (se a minha mãe não estivesse em casa...lol) com o maior dos prazeres. 
Hoje em dia sou incapaz de deixar torneira aberta enquanto lavo os dentes ou de deitar uma garrafa para o  lixo.

O homem deu-se conta da merda que andava a fazer à milénios, pôs travões a fundo e tenta agora salvaguardar o que resta do nosso belo planeta azul.
Para isso foi necessário que se apercebesse das consequências dos seus actos, que as interiorizasse e que começasse uma auto-educação, no sentido de preservar o seu habitat.

Da mesma forma que, ao longo da história, foi atentando contra a natureza e o meio envolvente, foi fazendo o mesmo com os seus iguais. As atrocidades que se cometeram nos tempos da escravatura, da inquisição, das conquistas, não têm qualificação possível em termos humanos.

Vivemos tempos difíceis, confusos, angustiantes, nota-se que a humanidade anda meio à toa. Não é no entanto de hoje nem de ontem que o homem se “porta mal”. Sem chegar aos extremos que mencionei acima, a realidade é que não tem sido propriamente exímio na arte das relações interpessoais. 
Perante esta evidência, em 1948 foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos do Homem.  Hoje, em pleno século XXI, grande parte dos artigos continuam diáriamente a ser ignorados. 

Referindo só alguns pontos, os menos extremos:
 “...devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade...” 
“...sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação....”
“...Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação...”
“...Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões...”
“.... A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos...”
Qualquer um de nós, olhando à sua volta, poderá facilmente apontar vários casos de violação a estas “regras”.

O pior é que somos frequentemente nós próprios a fazê-lo, sem sequer nos apercebermos. Reina a  falta de respeito, de consideração, de compreensão, de compaixão, de empatia pelo próximo, que justificamos esfarrapadamente, para apaziguar as nossas consciências. 
O comum dos mortais não comete crimes contra a humanidade, não deixa por isso de ser culpado de delitos menores, que em nada contribuem para a paz e harmonia entre seres humanos. 

Também disso nos estamos finalmente a aperceber e a agir a respeito.
A questão é que frequentemente se cai nos extremos o que, na minha humilde opinião, é contraproducente. 
Excandalizar-se com a água que gastam os leds dos telemóveis ou afirmar que as cenouras foram assassinada,s é perfeitamente ridículo. 
Também o são muitas das medidas que o homem tem inventado na esperança de consertar o estado das coisas, como o "politicamente correcto", por exemplo. 

As mudanças dão-se quando as pessoas interiorizam que certas atitudes não são saudáveis, não são benéficas. Quando percebem que, se fizerem um pequeno esforço, poderão melhorar em muito a sua relação com os outros. Quando decidem pôr em prática ideias tão básicas como  “a minha liberdade acaba onde começa a dos outros” ou “não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti”. Quando conseguem começar ver para além do seu próprio umbigo e a funcionar em termos de comunidade, para o bem de todos.

Se cada um de nós se der ao trabalho de alterar a sua mente, de praticar a “mentologia” associada à “ecologia”, será garantidamente “um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”... ;)

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