quinta-feira, 7 de julho de 2011

Não há super-herois...

COM MÚSICA



Algumas pessoas são nítidamente fracas, têm dificuldade em lutar contra as adversidades, vão-se abaixo à mínima contrariedade, perdem o ânimo com facilidade...
Outras, pelo contrário, parecem julgar-se verdadeiros super-herois.

Mas sabem o que acontece aos super-herois, sabem?!
Mais tarde ou mais cedo, acabam por cair num caldeirão de Kyptonite e aí é que está o caldo entornado...

De onde nos vêm então os super-poderes necessários para enfrentar algumas crises?!
Na minha opinião, da união, da entre-ajuda...

O orgulho impede-nos muitas vezes de assumir que sozinhos eventualmente não chegaremos lá, que não somos auto-suficientes.
Saber pedir/aceitar/dar ajuda parece-me, no entanto, fundamental.

Acontece que, como tudo na vida, esta tem de ser bem gerida, inteligentemente, sob pena de ser pior a emenda do que o soneto. Como se costuma dizer, de boas intenções está o inferno cheio.

Todos os que têm espírito de “caregivers”, se sentem impelidos a dar uma mãozinha ao próximo, se disso tiverem oportunidade e mais ainda se se tratar de alguém de quem gostem.
Há no entanto vários cuidados a ter.

Para começar, se propusermos ajuda a alguém, é bom que tenhamos intenções e possibilidade de a levar a cabo. Há pessoas que passam a vida a oferecer-se e que, quando a ocasião se proporciona, nunca se chegam efectivamente à frente, não se dão talvez conta do dano que causam as espectativas goradas.

Outras, dispõem-se a ajudar, sem se perguntarem se o estarão a fazer da melhor maneira. Impôem as suas ideias, os seus métodos, as suas soluções, num espírito de “my way, or the highway”, recusando-se a tentar realmente compreender o outro e os seus problemas.

Há também os que entram em pânico com a aflição alheia, parecendo baratas tontas. Agem antes de pensar, disparam em todos os sentidos, não ponderam a potencial eficiência da sua ajuda. Na sua ânsia, sufocam-nos com a sua preocupação, fazem com que as questões pareçam ainda mais graves, mais complicadas, mais difíceis de resolver.

Acontece também que proponham ajuda, na maior das boas vontades, não compreendendo que o que sugerem, não só não é solução, como só vai atrapalhar. Na sua tentativa, acabam por criar um cenário ainda mais complicado do que o original, acrescentando peso à coisa em vez de a simplificar.

Alguns iludidos insistem em tentar ajudar quem não se quer ajudar a si próprio. Luta inglória e perdida à partida.

O saber pedir/aceitar ajuda, tem também muito que se lhe diga.
É natural que, ao fazê-lo, nos sintamos de certa forma fragilizados. Nesse momento, assumimos que precisamos de alguém, quando gostariamos de ser auto-suficientes.

Alguns adquirem um desagradável sentimento de “dívida” que, a meu ver, não deveria existir se a atitude do outro fôr genuina e desinteressada, se sentirmos que o faz de boa vontade, se, na situação contrária, estivessemos dispostos a fazer o mesmo por ele.

Ás vezes, alguém se apercebe da nossa situação e oferece espontaneamente ajuda. Infelizmente nem sempre temos essa sorte e temos mesmo de a pedir. Não é vergonha nenhuma, não nos torna menos “machos”, não nos rouba dignidade.

Convém, no entanto, escolher bem a quem pedimos ajuda.
Os principais candidatos sendo, obviamente, aqueles com quem partilhamos a nossa vida e mais concretamente a questão que nos atormenta.
Assim, a nossa cara metade, os filhos, os pais, os irmãos, a família em geral, os amigos, serão aqueles para quem nos tenderemos a voltar.

Precisaremos depois de ter uma noção muito nítida do que podemos pedir e a quem, daquilo com que podemos contar.
O amor, os laços de sangue, a amizade, são tudo coisas muito bonitas mas não transformam os outros naquilo que gostariamos (ou precisariamos) que fossem.

Cada um de nós tem os seus “super-poderes”, que poderão ser extremamente úteis em determinadas situações mas não servir para nada noutras.
Uns têm o dom de acalmar, outros de consolar, de racionalizar, de planear, etc...  Uns têm uma imensa destreza para dar a volta a problemas financeiros, outros parecem talhados para dar assistência a doentes e acidentados. Alguns têm uma paciência infinita para nos ouvir e outros a coragem de nos dizer aquilo que não queremos mas deveriamos ouvir nós.
Cada um tem também as suas “kryptonites” e, relativamente a determinados assuntos, o melhor mesmo é não contar com eles.

Mas, super-poderes à parte, o que me parece mesmo importante é a empatia. Ajudar-nos-ão muito melhor se tiverem efectivamente vontade de o fazer, motivação, empenho. Não podemos pedir a ninguém algo que não nos quer dar, porque se o fizer, será de má fé. E ajuda de má fé, ainda nos sai o tiro pela culatra.

Quem nos rodeia, não tem obrigatoriamente noção de que estamos necessitados de apoio. Pode-nos ás vezes parecer insensível da sua parte mas há que nos conformar que não somos o centro do universo e que os outros podem andar distraídos. E não  porque não gostam de nós, porque não se importam connosco mas simplesmente porque não se deram conta. Não devemos levar isso a peito.

Acreditem no entanto que, na maior parte das vezes, se lhes chamarmos a atenção, sem crítica, sem ressentimento, sem mágoa, irão responder muito positivamente ao nosso apelo e “contribuir para a causa” com todo o prazer.

Resumindo e concluindo, arcar com o peso da vida sozinho, é um esforço desnecessário, um desperdício de energia  e rouba-nos força, que poderia ser utilizada, pelo nosso lado, para ajudar os outros .


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