terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Prova dos Nove...

COM MÚSICA


Ao longo das nossas vidas vão-se sucedendo experiências, locais, sentimentos, pessoas.
Há situações, sítios, gentes, que se vão mantendo constantes ao longo do percurso, outras que se perdem durante o caminho.
Há sítos onde não voltamos, actos que não continuamos a praticar, pessoas que perdemos em vida ou em morte, que fazem parte integrante da nossa história.
Volta não volta, o passado visita-nos, trazendo consigo lembranças de coisas que já não pertecem ao presente.

Essas visitas raramente são vazias de emoções...
Provocam em nós sentimentos negativos como a revolta, o medo, o desprezo, o ressentimento, a repugnância... ou sensações agradáveis como a saudade, o revivermos mentalmente, com prazer, determinadas situações, o desejo, por um breve instante, que tudo voltasse a ser como dantes.

Há quem goste de pôr, emocionalmente, pedras sobre os assuntos. Quem não queira colocar-se na posição de se permitir sentir outra vez. Quem se auto-censure ao ponto de não se deixar embalar quando a lembrança bate à porta.
Porquê? Porque em qualquer dos casos vai doer...
Vai doer porque é mau, porque é negativo, porque trás à tona sensações que não temos a mínima vontade de revisitar.
Vai doer porque foi bom, porque fez parte de uma época feliz que já não vivemos. Podemos viver outra, outra diferente, igualmente ou até mais feliz, mas aquela também o foi e acabou.

As pessoas são tendêncialmente muito sissys, têm um medo terrível da dor. Olhem para os Budistas, se bem percebi algum dos princípios da coisa, um dos fundamentais é acabar de vez com o sofrimento, seja lá ele qual fôr.
Pois que, na minha opinião, tá mali... tá mali porque acabam por perder uma das grandes oportunidades que a vida nos dá de aprender.
Meus amigos, a dôr está lá por alguma razão, para nos alertar para alguma coisa, para nos abrir os olhinhos, para nos levar a reflectir sobre o assunto.

A dôr é um sintoma, cabe-nos identificar o tipo de dôr e o que a estará a provocar. No caso das coisas negativas é bastante evidente, no outro é que a porca torce o rabo.
Não é fácil de engolir um “era bom mas acabou-se”... a nostalgia tem um sabor amargo doce.
O relembrar outros tempos, coisas que de alguma forma pertencem hoje ao passado sem que haja esperança de futuro, provoca tristeza.
A tristeza é outro sentimento de que também não somos grandes apreciadores...

É, no entanto, o deixarmo-nos embarcar nessa aventura que nos irá ajudar a definir a nossa vida deixando que ela própria nos ensine.
O nosso cérebro é um orgão essencial mas, na minha opinião, não funciona lá muito bem se dissociado do coração. É ele que o irriga, sei lá...
Assim, se deixarmos fluir os sentimentos, se formos insconscientemente criando gavetas nas quais vamos separando o trigo do joio, se deixarmos que o nosso coração nos alumie o caminho, a nossa mente terá dados suficientes para tirar a prova dos nove.
É com a análise do passado, não só do passado intelectual, factual, racional mas também do passado emocional que iremos aos poucos construindo o nosso eu, essa obra inevitávelmente sempre inacabada.
É através do discernimento das experiências que nos deram prazer ou pelo contrário nos provocaram sofrimento, na altura não agora, que iremos procurar ou pelo contrário fugir a sete pés de certo tipo de situações.
Se permitirmos que o nosso eu presente censure a nossa memória emocional, não conseguiremos deixar de cometer os mesmos erros, vezes sem conta...

Mas isto sou eu a divagar... lol... se calhar não tenho razão nenhuma. ;)









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