terça-feira, 12 de agosto de 2014

Coito



Nunca percebi de onde que raio saiu a expressão "estar no coito" que utilizávamos quando jogávamos à apanhada em miúdos... 

Já lá vão dez anos que nos convidam consecutivamente para passar cerca de uma semana em Porto Covo em inícios de Agosto. Acabei de me dar conta que esses dias são o meu coito anual.
(ok, vá, mandem brasa que eu aguento... mas pelo menos sejam originais...) ;)

Todos os anos parto de casa carregando o peso de uma existência complicada, que vou largando pelo caminho. Quando lá chego sinto-me como se de facto, nesse coito, nada de mal me pudesse acontecer, a vida real não me pudesse apanhar.

Ao longo dos tempos tem aumentado a minha capacidade de me distanciar pontualmente de chatices e preocupações. Há muito que cheguei à conclusão que, enquanto fingimos que está tudo bem, tudo parece efectivamente estar bem. Durante aqueles dias, mais do que em qualquer outra altura, ponho em prática esta ideia.

Dir-me-ão que é justamente esse o conceito de férias mas para mim estas são diferentes de quaisquer outras.
Não se trata só de estar de papo para o ar num dolce fare niente, de me afastar de casa, da rotina do dia a dia ou de fazer uma pausa na resolução de problemas.

Em Porto Covo estou geralmente rodeada da maior parte da família e amigos que me são mais queridos, pessoas que vejo regularmente durante o ano. Poder também com eles partilhar os pequenos prazeres das férias  faz-me sentir bafejada pela sorte.
Mas no que toca a gente, reencontro também muitas caras menos frequentes mas não por isso menos agradáveis, que se têm vindo a transformar no núcleo duro da praia dos Aivados...

De ano para ano, vai-se fazendo história, vão-se partilhando memórias de anos anteriores e criando novas. Constatamos o sempre inacreditável crescimento das crianças, divertimo-nos ás custas do envelhecimento dos crescidos, desenvolvemos novos laços com os mesmos seres. Vão surgindo tradições, sentimos que pertencemos a algo, que mesmo não sendo palpável ou traduzível por palavras, não deixa por isso de existir. E quando falta alguém, faz falta.

Sabem-me pela vida os raios de sol que absorvo de manhã à noite, os grãos de areia no corpo, os passeios à beira mar, a visão das "focas" na água ao por do sol, a reinação do caminho para a praia de jipe... mas não há nada que se compare ao calor humano que se faz sentir, ao companheirismo, ao sentido de humor generalizado, à descomplicação daquela gente, num ambiente "amigos de Alex".

Volto revitalizada, cheia de energia positiva para me ajudar a enfrentar o mundo cão. Bem hajam!








COM MÚSICA

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