Nos últimos tempos dei por mim a
ter crises de angústia absolutamente terríveis, ao ponto de acabarem por
despertar a minha Úrsula Adormecida.
Não as conseguia atribuir a nada
de concreto. Se vos dissesse que tudo está fantástico para estes lados, estaria
a mentir. A verdade, no entanto, é que já esteve bem pior. Não, a minha vida
actual não parecia de forma alguma justificar este descontrolo.
Assim, tendo perfeita consciência
do poder da mente sobre o corpo e vice-versa, antes que a coisa descambasse,
tentei perceber o que se poderia estar a passar.
Não foi muito difícil, bastou
parar para pensar um bocadinho, aperceber-me de todos os outros sintomas; a filha
do demo estava de volta!
A menopausa não vem logo para ficar. Não, começa a rondar discretamente, afasta-se, volta subitamente,
dá umas dentadinhas, torna a soltar… parece um gato a brincar com a presa.
Há cerca de um ano estive no
fundo do poço, há muito tempo que não me sentia tão mal. Enfim, como dizia o
outro, estive à beira do abismo mas dei um passo em frente… ;)
Estou hoje em dia profundamente
convencida que foi a cadela que me pôs naquele estado e determinadíssima a não
a deixar repetir a proeza.
Entrei na pré-menopausa há
sensivelmente ano e meio e logo comecei a investigar o assunto, pois gosto
sempre de saber com o que contar.
Cada uma de nós tem direito às
suas maleitas, embora haja algumas mais comuns, que nos afligem com maior ou
menor intensidade. Descobri no entanto que há uma série de sintomas potencialmente associados
que nunca me passaria pela cabeça relacionar.
Se não controlarmos a coisa de
alguma maneira, sentimo-nos literalmente a enlouquecer.
Pelo que consegui averiguar,
parece ser hoje bastante consensual que as compensações hormonais sejam de
evitar, devido ao risco de cancro. Pessoalmente não estou minimamente inclinada
para assumir esse risco.
Os pais e/ou a escola
preparam-nos para as primeiras fases da nossa vida, ninguém o faz para as
últimas, temos portanto de aprender sozinhos ou deixar-nos ir com a maré.
Pessoalmente prefiro sempre tomar os assuntos em
mãos.
Uma coisa que reparei foi que,
não havendo propriamente um tabu, há pelo menos um certo pudor em falar sobre o
tema. Confesso que me faz alguma confusão, dado que a troca de informações e de
experiências sempre ajuda a que consigamos compreender o que se passa.
Não sei se terão visto um filme
canadiano, de 86, chamado “O declínio do império
americano”?!
Trata, grosso modo, de um grupo
de amigos que, ao longo de um fim-de-semana, vai discutindo abertamente a sua sexualidade.
Na altura gostei imenso do filme que me marcou bastante. Teria então cerca de
vinte e poucos anos e lembro-me de ter citado, mais do que uma vez, em
concordância claro está, a seguinte afirmação de um dos personagens masculinos:
[...] A única certeza que nos resta é a capacidade de agir dos nossos
corpos. Se gosto, tenho ponta. Se não tenho, não gosto. Esta é a única maneira
de testar. Como as mulheres que nos dizem "Amo-te como no primeiro
dia" e que estão secas como lixa, quando dantes ficavam completamente
molhadas só com um beijo no pescoço. [...]
Pois, a falta de informação é no
que dá… leiam lá a listinha de sintomas, vá.
Outra coisa, é a convicção de que
a menopausa é um assunto nosso, das mulheres…
Meus amigos, se vivem connosco
aguentem-se, também é problema vosso, sim, exactamente da mesma forma que são
problema nosso todas as vossas indisposições e doenças, estamos juntos neste
barco, não sacudam a água do capote.
A maioria dos homens fica às
portas da morte à mínima constipação mas espera que enfrentemos as nossas maleitas
como se fossemos tanques de combate…
Pois esta merda não é pêra doce
meninos e não é coisa para durar dois dias, é bom que se façam à ideia. Sem a
vossa compreensão, a vossa ajuda, o vosso apoio, não vai ser nada fácil de
ultrapassar e se correr mal vai sobrar para todos, garanto-vos.
Já ouvi falar de menopausas que decorrem
“sem espinhas”, tal como de partos feitos com uma perna às costas (não sei se
em sentido próprio…lol), são no entanto excepções.
São coisas por que temos de
passar, façamo-lo portanto da melhor forma possível, começando por usar o
cérebro, não faz sentido transforma-las em bichos
de sete cabeças.
Há sintomas físicos e sintomas
psicológicos mas estão de tal forma interligados que mais parecem uma
pescadinha de rabo na boca.
Se, logo para começar, encararmos
a menopausa como o princípio do fim, se começarmos a achar que, por causa dela,
estamos velhas, é meio caminho andado para termos o caldo entornado no que diz
respeito à parte psicológica.
Para além disso, convém evitar os
macaquinhos no sótão pois, sendo o cérebro o maior órgão sexual feminino, estes
vão garantidamente acabar por dar cabo dessa parte da nossa vida, o que
convenhamos era uma pena. ;)
Na minha opinião a primeira coisa
a fazer é encarar o facto que estamos a passar por um mau bocado e termos isso
em consideração no nosso dia a dia.
Se é verdade que a ela associamos
imediatamente alguns sintomas, como sejam os malfadados “calores”, outros há
que são menos óbvios. Convém assim que saibamos o que esperar desta travessia
do deserto, termos a noção que não vamos ter só os dois ou três incómodos de
que sempre ouvimos falar mas potencialmente muitíssimos mais. Estarmos
preparadas para lidar com cada um deles da forma mais eficiente.
Tudo aquilo por que passamos deita
abaixo, não mata mas moí terrivelmente. Temos assim de poupar forças para o
conseguir suportar, não armar em super-mulheres, pedir apoio, aceitar ajuda,
exigir a compreensão de quem nos rodeia.
Se estivermos derreadas, a porta
estará aberta para todos os males psicológicos. Mesmo tendo todos os cuidados
eles estão sempre à espreita, as #”$%&## das hormonas encarregam-se de os
invocar. O melhor é não lhes darmos muita importância, não alimentarmos a
coisa.
Dito isto, não há fórmulas
mágicas, cada uma terá de encontrar a melhor forma de viver com os seus
sintomas. Há pequenos truques que podem ajudar, o artigo para o qual pus o link
é dos melhores que encontrei na net e dá-nos dicas para cada “aflição”.
Para além disso é uma fase em que
precisamos de muitas muletas… pois então usemo-las.
Temos falta de memória?! É para
isso que servem agendas e lembretes… A porcaria da angústia não nos larga o
osso?! Xanax pá carola… Tá seco?! Passáí o KY Jelly…
E sobretudo não esquecer que nisto,
como aliás em tudo na vida, o nosso melhor amigo é sempre o sentido de humor…
;)
COM MÚSICA
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